Conhecendo a História ISAC através dos textos de alguns membros do Grupo

Relato de uma semana nada rotineira em Coimbra, Portugal.
(Por Ananda Maciel)


Quinta-feira comum, de início de primavera, na cidade de Coimbra, um dos lugares mais antigos e famosos de Portugal. Porém, não foi um dia como outro qualquer para certo grupo de estudantes que vivem na residência universitária Azinhaga de Santa Comba, localizada no Pólo III da Universidade de Coimbra. Afinal, eles são ISAC, ora! São todos jovens brasileiros, entre 18 e 23 anos, que vieram de várias universidades públicas do país através da bolsa do Programa Erasmus Mundus. Tornaram-se amigos de forma igualmente incomum, rápida e contagiantemente serena; conhecessem-se há poucas semanas, mas seu laço de amizade torna-se mais forte e seguro a cada dia.
Descrevo agora a cena costumeira de mais uma noite, no andar do alojamento que pertence ao dormitório masculino. Mas deixem-me apresentar os personagens dessa história:
Alex (mais conhecido como Dad): é o mais novo da turma, tem apenas 18 anos e gosto de encrencar com ele e chamá-lo de Bebê Panpers... É inteligente e muito querido, veio da UFPA e cursa Sistemas de Informação (é isso mesmo? fiquei em dúvida agora...) Está sempre atrasado, e ouvi rumores de que a maioria das pessoas queria tê-lo perdido na viagem porque ele é estressadinho, mas apesar disso é um cara legal.
Jéssica (Jeh): nossa, essa menina não pára um segundo! Se ela dormir, cuidado: são mais 48 horas de pilha Duracell!!! Ela é movida à chocolate e muitas doses de risada. Também veio da UFPA e cursa Psicologia.
Vivian (Vivi): Faz Engenharia Química na UFPE, mas nasceu no Rio de Janeiro. Ela é meiga, doce e tranquila.
Bruno (Bruninho): Apesar de não ser o mais novo, é o menorzinho, nosso "mascote" (olha o tamanho da pessoa que vos escreve! Ahahahaha) ou "bichinho de pelúcia". Está sempre tirando com alguém ou fazendo os outros rirem, mas ele fica naquela pose de "eu sou um menino sério!". Adora comer comidas bem saudáveis... Faz algum curso relacionado à computadores também, só que na UNICAMP.
Lígia: Ela também veio em tamanho de bolso, só que não precisou de visto, pois tem cidadania italiana. Faz Direito na SANFRAN da USP, tem uma irmã gêmea (ainda bem que essa não está aqui, senão como saberíamos quem é Ligia e quem é Lívia? Ahahaha). É bem animada e simpática.
Fernando: ou seria Flávio? depende do dia, sô... (ou da quantidade de acompanhantes!) Esse menino tem dupla personalidade. Ahahahaha. Ele é muito calmo e querido, um ótimo ouvinte, sabe tocar piano e adora usar cachecóis. Ainda bem que ele "nunca" tropeça, pois olha a altura da queda... Fernando faz Engenharia Civil na UFSCar.
Adriana (Dri ou Mitiko): Ela adora música japonesa, além de ser fanzoca de "O Pequeno Príncipe". Cursa Pedagogia na USP e gosta de trabalhar com educação especial. Não deixem essa menina "bravinha" e ninguém perca a hora, por favor... ahahaha. Ou melhor, deixem ela dormir direitinho, ok, senão ela fica a mil por ora... Ela é uma graça, mas atenção, namorado ciumento à vista!
Michelle (Mi): NOOOOOOOOOSSSSSSSSAAAAAA!!! "Chupa essa manga".... Com certeza, não tem como pensar em Michelle sem ouvi-la falando essas expressões, é quase como marca registrada. Ela é engraçada, divertida, arrétada... Faz pedagogia na UFPE, ama ensinar crianças pequenas e não pára de falar um segundo. Ela adoraaaaaaa o filme "Um Amor Para Recordar" (A Walk To Remember, 2000, com Mandy Moore e Shane West), mais do que eu, se é que isso é possível, mas nunca vi tantas lágrimas...
Luciana (Lu): Lu é uma festeira de plantão e está sempre em todas as festas de Coimbra e de onde ela estiver. Também é super responsável e reservada (e à primeira vista, até séria!), mas muito amiga. Cursa Pedagogia na UnB.
Márcio (Márximus): Sucesso com ele é a palavra-chave, animação também o descreve muito bem. Deixem-no feliz com uma boa cerveja gelada e está tudo certo. Ele cursa algo relacionado à informática na UNICAMP (meninos, desculpe-me, confundi os cursos de vocês três... hehehehe).
Elton (Eltinho ou Salsa): O que falar do Elton? Ele quase nunca fala... mas nos surpreende com seus gestos simples e discretos, é gentil, amigão e, mesmo não falando, marca presença. Nem olhem muito que o Salsa é nosso, viu?! Cai na vida, menino, e deixa a gente ouvir sua voz, visse? Ele veio também da UFPA, faz Engenharia da Computação.
Douglas (Doug): Esse é o moço do gelzinho no cabelo e correntinha no pescoço... Quem vê, acha que é só mais um "mauricinho", mas dizem que quem vê cara não vê coração, não é verdade? Ele é muito cavalheiro, sempre disposto a ajudar, adora ouvir um "sertanejo universitário" e é muito divertido também. Faz Engenharia Química, na UFSCar.
Nayara (Nay): É uma cozinheira de mão cheia (santo strogonoff!), muito querida e amiga, sempre sorrindo, animadíssima para acompanhar a Lu em todas as festas. Ela faz Engenharia Civil na UNICAMP.
Ananda (Nandinha): a pessoa que vos fala veio em tamanho mini-mini de bolso e cursa Pedagogia na UFSC. Outras descrições se fazem desnecessárias.
Ana: Aninha não é ISAC, mas a conhecemos por ser ela quem divide o quarto com Lígia. Ela veio de Canoas, Rio Grande do Sul, faz Direito e é muito meiga e querida, além de ter viajado conosco no último fim de semana.
Heraldo (Geraldo, Harold, Aroldo, Sílvio Santos, ou simplesmente HB): incluído nas descrições porque ele é mais ISAC do que os ISAC que recebem bolsa, adotado unanimamente pelo grupo, apesar de termos conhecido-o de um modo diferente. Esse menino é extrovertido, animado e apronta “horrores” com a pessoa que vos escreve. Gosta de poesia, música popular brasileira e faz pose de menino sério, Nerd e cavalheiro, só de vez em quando.

Voltemos ao relato agora...

Está uma noite clara e limpa de céu estrelado, um pouco fria, mas o clima é bastante agradável. É quinta-feira, 12 de março de 2009 e os meninos foram ao supermercado Pingo Doce comprar ingredientes para o jantar. Eu, Michelle, Jéssica e Adriana estamos esperando-os voltar, pois fontes nos informaram que este seria o dia dos meninos na cozinha. Por fim, depois de esperarmos um bom tempo pelas "noivas", Nayara e Fernando começam a pôr água para esquentar na panela. Em geral, a Nay é quem sempre cozinha, mas esta noite, Fê será o cheff. O Cardápio: tortellini di prosciutto, formaggio e spinaci com molho branco de natas, brocólis e cogumelos.
- Nanda, lê pra mim, por favor, o modo de preparo, está em italiano! - Pede-me Fernando. E eu, empolgadíssima para demonstrar meus "dotes" linguísticos, descubro que, afinal, a embalagem possuía também um menu em português... Nada pode ser perfeito!
Conversa animada entre amigos, clima perfeitamente agradável na cozinha do -2, se não fosse o aviso da Cristina na porta, dizendo para os meninos fazerem faxina urgentemente, a lata de lixo com garrafas de cerveja até a boca do saco e o Thomas aparecendo do nada, sempre "brotando" em meio aos nossos jantares. Fernando, Nayara e eu cuidamos de descascar as cebolas, cortar o brócolis e atender as panelas de massa, ajudados por uma mãozinha da Luciana. A panela é muito fina e ai, ai, ai... O molho branco está virando amendoim torrado!!! Troca de panela logo, gente... Onde colocar o macarrão? Problema sério: precisamos de uma panela maior urgente! Ao fim de meia hora a mais do que o esperado, molho novo, pratos cheios e rostos sorridentes. "Me passa o queijo ralado?", "Uhm... Delicioso!". Fernando de parabéns na cozinha. Não, não pode casar ainda não, menino... Termina a faculdade primeiro, sô! Ao fim do jantar, quinze pessoas falam ao mesmo tempo em volta da mesa. Dri coloca ordem no caos:

- Foco, gente, volta! Ainda há muita coisa pra gente decidir...
O que visitar primeiro no próximo fim de semana? Serra da Estrela, os Alpes nevados de Portugal, ou Salamanca, a Universidade mais antiga da Espanha? Doug coordena a discussão, mais sério e concentrado do que quando ele brinca de ser deus na brincadeira do Mafioso (cidade dorme...). Há vagas no albergue? Quanto vamos gastar? Viajaremos de autocarro (ônibus, para os portugueses) ou podemos alugar três carros e dividir as despesas? Ó ceus, quanta coisa! E a viagem de Páscoa, como ficou? O que faremos? Para onde iremos, Itália, França ou Inglaterra? "Ai, Gizux", SOCORRO!!!
Márcio e Bruninho se animando com a cerveja gelada. Mi não querendo ir à Itália de jeito nenhum e Dri "resolvendo a vida" de todo mundo. Decidimos, por fim, alugar os carros com o cartão de crédito da Michelle, sendo que Jéssica, Márcio e Lígia seriam os motoristas oficiais e Luciana, Fernando, Douglas, Bruno e Michelle os steps de plantão na estrada. Optamos por ir à Salamanca em primeiro lugar, pois os monumentos e Igrejas da cidade estariam fechados para a visitação turística no domingo.
Como bons "ISACs", nós dormimos direitinho todas as noites (nunca trocamos a noite pelo dia, nem ficamos até às quatro da madrugada conversando...), nos alimentamos muito saudavelmente (nada de chocolate, batatas fritas ou comer na Mc Donald´s) e nos comportamos uns com os outros TÓTAL "sem contatos físicos"!
Nesta noite, não poderia ter sido diferente... Lu, atormentada com o itinerário da viagem nas férias de Páscoa, pesquisando com Doug e as meninas os sites de passagens aéreas na internet, de repente descobre que poderíamos comprar passagens para passarmos quatro dias em Paris e dez dias em várias cidades da Itália (Verona, Venezia, Pisa, Firenze, Roma e Milano), por um preço razoável. Correria até às duas da manhã, Dri acordando euzinha, que já estava no "décimo primeiro sono", para avisar sobre o preço da viagem, milhares de mensagens no telemóvel (santo plano ERASMUS da Vodafone!) e eu nem acreditando: chiquerésimo, passar a Páscoa na Itália!!! Uhuuuuuuuuuu.... Festa geral!!! Eu, nomeada tradutora oficial do grupo quando chegarmos à Itália e morrendo de medo de ainda não conseguir comunicar-me bem. Anotação mental: comprar um dicionário de italiano urgentemente! Em Paris, deixaremos a Jeh "falar com biquinhuuu".
- Acordem a Lígia, por favor, precisamos passar o cartão! - E Lígia, tonta de sono, nem sabe do quê estamos falando! Ah, pena, ela não vai viajar conosco na Páscoa...
Dormir ou não dormir? Eterno dilema... Quem tem aulas amanhã? Quem tem aulas em Coimbra, afinal de contas? "NOOOOSSAAAA, Alex!", ainda continuo ouvindo a voz da Mi, mesmo quando estou quentinha embaixo das cobertas, no meu quarto, dois pisos acima da famosa cozinha em questão. Os ISAC são uns amores, mas nunca vi tanta disposição para "corujar" à noite! Ai, e se o Carlos pega as meninas até essa hora nos quartos do -2? Loucura, Loucura, Loucura!!!
Enfim, é sexta-feira, 13, uuuuuuuuu, MEDO!!! Amanheceu um lindo dia, sol forte e calor neste começo de primavera. Saio de camiseta de manga curta, depois das onze da manhã, "feliz e contente" por não precisar usar milhares de casacos, para fazer minha matrícula na U.C, depois da entrevista de autorização de residência no SEF. Oôoooo... DRIIC de portas fechadas, decepção geral depois de subir os 125 degraus das Escadas Monumentais (não, eu prefiro não ficar com as "pernas torneadas", está doendo os meus joelhos e eu sinto-me uma velha!).
Encontro as meninas: primeiro Dri Mitiko, almoçamos juntas, depois Lu e Jeh, correndo na Praça da República, e, em seguida, Nay, Vivi e Mi na agência dos Correios. Vamos à Mc Donald´s, "amo muito tudo isso!", refeição super saudável, sem nenhuma batata... O que são calorias mesmo? Oba!!! Tarde SÓ de meninas hoje!!! Vamos juntas às compras. "Rolé" por Coimbra em todas as lojas da "Baixa", aquelas vielas estreitas da cidade velha devem esconder muitas lojinhas com boas promoções de queima de estoque, afinal o inverno está acabando. Experimenta de cá, se arruma de lá, "não gostei da cor", "essa calça não entra", "está muito caro", muitos pijamas da Hello Kitty, "cor-de-rosa, não", "cor-de-rosa, sim", etc, etc, etc... Meninas!!! Aff!!! A santa indecisão feminina: o que levar.
Depois de andar, andar e andar, parada obrigatória na grande loja Lefties... E encontramos a Sílvia, o anjinho do DRIIC que nos aturou muito quando ainda chorávamos pelo visto por e-mail. Muitas sacolas nas mãos, felicidade só proporcionada de igual maneira por chocolate! "Ainda vamos ao Shopping Dolce Vita, não vamos?" É isso aí, somos incansáveis e indormíveis, somos ISAC! Zara, Worten, SportZone e Stradivarius... "Perfume bom, Michelle!" Vivi, eu, Mi e Jeh levamos o mesmo modelo de casaco para o frio, só variamos a cor... E agora? Pares de vaso e versão mini-mini no friozão da Serra! É a gangue do casaco! Meninos ligando para comprarmos lanche coletivo no Jumbo´s Supermercado. Como carregar? "Não, liga de volta para Alex, eles é que devem ir ao Pingo Doce!" Madalenas de chocolate (bolinhos) salvadoras da fome, no sofázinho da Worten e Vivi sem um computador novo... Ai, já são onze da noite e chegamos em casa agorinha... Ainda tem que arrumar as malas para a viagem, quando eu vou dormir??
O sábado começa animado com a super mensagem da Luciana no telemóvel: "Bom dia! Rumo à Serra... As 9h da manhã sai um autocarro para Coimbra B, então seria bom pegar ele 8:45. Todos prontos? A gente se encontra na saida do 0... Ah, e cada um vai ao -2 pegar algo das compras coletivas para carregar, se possível. Beijos." Dia de neblina, ruas geladas em Coimbra. Alex atrasado de novo e já era, perdemos o autocarro 29! Ó céus, o que fazer? Pegamos o 6 mesmo? É, pode ser, se descermos na Praça da Justiça e de lá, pegarmos qualquer outro para Coimbra B. Ô frio!!! Pausa para fotos, "sucesso" e risadas no autocarro. Chegamos à estação. Casas de banho (banheiros) fechadas com corrente e cadeado (vê se pode?). E agora? Senta e chora ou ajoelha e reza? Meia hora ainda até abrir a lojinha de aluguel de veículos! E então, finalmente, as chaves de três carros IBIZA pretos novinhos em folha (um pouco empoeirados, é verdade!), nas mãos de Lígia, Jéssica e Márcio. Quem vai dirigir? Quem vai com quem? A pessoa aqui batendo o pé... "não quero ir com Márcio!"... Nayara e sua eterna boa vontade em trocar de lugar. Carro número 1: Márcio de motorista, com Luciana de step e atrás Alex, Bruno e Adriana. Carro número 2: Jéssica de motorista, com Fernando de step e atrás, Vivian, eu e Michelle. Carro número 3: Douglas de motorista (com milhares de recomendações, por ainda ter só 19 aninhos!), Lígia de step e atrás, Ana, Elton e Nayara.
Bagunças mil na estrada... Fernando e sua companheira constante, a máquina fotográfica (visão panorâmica privilegiada + gosto = fotos lindas!). Michelle e Vivian cantando todas as músicas (boas e não tão boas assim) que elas conheciam. Eu, entrando para o coral feminino no carro das acompanhantes de Flávio! Muitas risadas, fotos dos carros da frente e de trás, placas engraçadas e U2 no rádio. U2 de novo. Mais U2... Michelle ao telefone com a família inteira (pai, mãe, tio e tia, gato, cachorro e galinha)... "Uhuuuuuuuuu, chupa essa manga!!! Desculpa, Recife, desculpa África...Mainha, eu tô na ESPANHA!!!", mesmo à 110 quilômetros ainda da divisa de países. Chocolate, chocolate e mais chocolate... Gargalhadas e mais gargalhadas.
Na tão esperada divisa entre Portugal e Espanha, parada obrigatória para as fotos do grupo. Primeiro as meninas (foto de muaaaaaa...monstras!) e depois dos meninos... Sim, não somos Jamie Sullivan, mas também podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo!!! Que lugar incrível!!! Fernando trazendo florezinhas amarelas para as "flores" do carro... E então, mais uns 100 quilômetros até a cidade de Salamanca, com belas paisagens de montanhas vermelho-escuro, vermelho-sangue, marrons e laranja, os pomares de árvores iguais simetricamente espaçadas no gramado verdinho, rebanho bovino pastando e ovelhinhas... Música espanhola na rádio, para entrar no clima caliente dos hermanos. Mais chocolate, fotos e risada. E Jeh indignada: "Fernando, acorda, tira foto da vaquinha!" "Ai, Fernando, a vaquinha colorida de novo, não acredito que você perdeu!"
Chegamos à Salamanca e a primeira coisa que me chamou a atenção foram as Glorietas (estátuas) nas praças... Flores amarelas, pinheiros e ciprestes, vento balançando as árvores, todas as ruas com aquela cor marrom acobreada e o cheiro... Não sei dizer que cheiro tinha, mas aposto que posso lembrar-me dele em milhões de anos. Nos perdemos um pouco dos outros carros e ficamos dando voltas pelas ruas antigas da universidade. Depois encontramos o "poderoso Marximuss" e decidimos parar e seguir à pé para dentro das vielas estreitas da parte antiga. Andamos admirando a beleza e antiguidade dos monumentos, edificios e Igrejas, rindo e conversando "horrores" e claro, tirando muitas fotografias. (Cada mergulho, um flash!). E então paramos em frente à praça da Catedral de São Jerónimo. Entramos naquela Igreja tão antiga e a sensação que me ocorreu foi a de ter mergulhado em outros tempos, talvez em outra época da História. Não entendo muito de estilos arquitetônicos, mas haviam afrescos rebuscados e barrocos e muitas esculturas belissimas, além das pinturas nos quadros, retratando os céus, os anjos e talvez cenas da vida de Jesus Cristo e dos santos católicos que viveram muitos séculos antes de nós. Cada detalhe, em cada viga, em cada moldura, uma expressão, uma visão de mundo, um sentimento diferente e reverente de adoração. Música sacra e clássica nas caixas de som, além de um enorme órgão antigo, completavam a harmonia e a beleza daquele sentimento de paz que enchia o ambiente. Pausa em frente ao largo da Igreja para esperar todas as pessoas do grupo. Biscoitos e água sempre são bem vindos! Risadas, conversa animada e afago no filhote de cachorro que estava passeando com a moça espanhola. Ixi, a Dri perdeu o telemóvel, será que ficou dentro da Igreja? Continuamos caminhando em direção à outros edificios e monumentos... Regalos e souvenirs nas lojinhas, muitos sapos, salamandras e corujas de bruxas em clima meio Harry Potter, além, é claro de reproduções em pratos de porcelana dos monumentos famosos da cidade. Hora de ficar um pouco mais pobre e comprar lembrancinhas para a familia e os amigos do Brasil. Onde está o sapo da sorte que guarda a entrada da faculdade de Filosofia da Universidade Pontíficia? Salas de aulas virando "aularios" naqueles prédios super antigos, cheios de fantasma... Medooooo!!! E muitas poses com o "tio" de mármore sentado na calçada da pracinha!
Antes de atravessar a ponte, descemos aos jardins com aquele gramado verdinho, montes de folhas coloridas caídas no solo... O riacho correndo em cascatas e os pássaros cantando nas copas das árvores. Vamos deitar no chão? Ai, meu cabelo está cheio de folhas... Moço, tira uma foto? Ao fundo do jardim, censura: alguns rapazes fumando Nargulé. Atravessamos a ponte e, entre muitas fotos, mais censura: melhor não olhar o casal na ponte... Museu da Guerra Civil com janelões e murais de vidro. Jardins na Igreja antiga e mesas que as pessoas carregam na cabeça durante a procissão de páscoa (era apenas o ensaio!). Passeata da fanafarra de musicistas e música clássica: ouça com o coração. O essencial é invisível aos olhos!
Hora de voltar... Qual era mesmo o caminho para o estacionamento? Onde vamos dormir? Ah, meninos, esqueceram de reservar lugares em um Albergue, ora pois! Parada obrigatória para um lanchinho na Pizza Hutt dos hermanos e complicação para entender o menu. O que a garçonete está falando mesmo? SOCORRO!!! Pode ser pizza de pollo con quéso mesmo, mas afinal, era frango ou carne de soja? Ai, as batatas devem ser transgênicas, só pode! Saindo de lá, depois da refeição nada gordurosa e super saudável, ficamos rodando a cidade atrás de hotel, albergue, hostel ou qualquer lugar onde pudéssemos tomar um banho e descansar um pouco. Depois de muitas e muitas tentativas, a maioria resolveu concordar que a melhor opção seria alugar lugares para os carros em um Camping e dormirmos no carro mesmo, ou nem dormirmos, já que o povo queria conhecer a Night de Salamanca.
Outro problema: Nandinha sempre dando trabalho... O ser em questão guarda os domingos como dia sagrado e não queria sair para a “balada” na madrugada de sábado para domingo. A Nay, que é uma florzinha de pessoa, lembrou de perguntar o que eu queria fazer e ela, Doug, Adriana e Márcio dispuseram-se a encontrar um lugar para que eu pudesse realmente descansar, sem correr o risco de ficar sozinha na estrada. Fomos à um hotel e três albergues, nenhum destes com vaga e o hotel era muito caro. Decidimos voltar à ideia original de dormir no Camping e encontramos o camping Don Quixote algum tempo depois, bem longe da cidade habitada. Estrada escura, no meio do nada, árvores e casas de madeira. Estamos dentro de "O Chamado"?
Nossa noite aqui será um filme assustador? Cenas dos próximos capítulos.... UUUUUUUUUUUUUUUU.... MEDO!!!


Em Casa (Por Adriana Mitiko):

O que faz com que nos sintamos em casa?
Na minha casa...
Aquelas paredes, telhados, mofos, aquele cantinho pra consertar, pra redecorar,
O chá pronto ao amanhecer, como se a mãe desse bom dia, mesmo não estando mais lá,
Uma grande janela pra poder assistir o mundo,
Alguns aparelhos eletrônicos, músicas, a internet, livros, cordas.
Encontrar os outros, o barulho dos vizinhos,
Encontrar todas as suas fantasias e trajes.
Um lugar pra ficar sozinho
Pra confraternizar,
Pra se enconder...
Talvez muita comida, talvez pouca,
Talvez gatos, talvez cães, necessitando que você esteja lá todos os dias.
Pra que se sentir em casa?
Talvez pra sentir que realmente se está em algum lugar...
Pra se encontrar consigo mesmo,
Suas pendências, suas contas, suas limpezas...
Como construir uma casa?
Procurando por engenheiros e pedreiros...
Pessoas fazem casas,
Faço casas em mim,
Encontro casas nos outros
E estarei em casa enquanto estiver com pessoas que me ajudem
a mantê-la e a construí-la.

Porco e batatas (Por Jéssica de Assis Silva)

Tão comum como carne de porco e batatas. O curioso é a falta de intimidade com o quotidiano. Se você quer conhecer um lugar e ter a convicção de que o que fez por um sonho é o possível e o ideal, tem que incorporar os costumes locais. Não digo que não pode reclamar ou expressar de outra forma a contrariedade oriunda de ti.,. seus medos e anseios... suas expectativas e vontades... Mas aceitar o novo.
O problema é que se confunde o aceitar com a incondicional “cara pacífica”... e a politica da boa vizinhança atua mais uma vez. A verdade do aceite é relacionada ao respeito, e não a submissao. Ao conhecimento... e não ao fechar de olhos. Respirar fundo... esperar menos e viver mais. Há uma imensidão a ser desvendada e entregar-se para a duvida é limitar-se para o experienciar.
Tal qual porco e batatas o riso e o sorriso são sua rotina. Ignore-os e não há alimento para sua estadia e energia para a realização dos seus sonhos. Use-os e o melhor da vida há de emergir.
Lembre-se:
Espere menos e faça mais.
Não exija que os outros sejam iguais a ti.
Tenha humildade e a longevidade vem por si só
Há varias maneiras de se preparar um prato e nem todas agradam a todos
O cliente sempre tem razão, mas é o cozinheiro que decide o quanto de tempero vai na comida.
P.S.: Não costuma faltar sal na sua panela.. J


Queria... (por Michelle Soares)

Não quero alguém que morra de amor por mim... Só preciso de alguém que queira viver comigo, que queira estar junto a mim, compartilhando... Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando à sua maneira, afinal não é porque alguém não demonstra da mesma forma que quer dizer que não te ame com a mesma intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim... Nem que eu faça a falta que elas me fazem. O importante é sentir a alegria no coração quando penso nelas, de me doar e vê-las... simplesmente poder demonstrar.. porque como dizia o poeta: amor com amor se paga.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre... E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor. Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém... e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias, metas e aparentes loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho... Que perceba que abuso demais dos bons sentimentos, sabe aquela "menina" que gosta de graça? Pois é... E que ele que dê valor ao que realmente importa, e que ele saiba o que realmente importa... porque minha cabeça vai nas nuvens, mas meus pés estão fincados no chão. E quero ter alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre a mesma, salvo algumas adaptações que a vida nos exige...
Não quero brigar com o mundo, lembrar o que ele tem de pior... e Deus me livre não consegui mais me emocionar mais com aquele comercial de margarina, com aquela roseira florida... mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para saber ainda que o amor existe... Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade. Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito...
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas... Que a esperança nunca me pareça um "não" que a gente teima em maquiar de verde e entender como "sim". Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar ... Sem correr o risco de feri-lo sendo em mesma...
Quero um dia vestir aquele branco... aquele que nos permite viver a vida inteira ao lado de alguém... e que seja uma busca diária pelo melhor, mesmo sabendo que não será fácil... que para ele a hora mais feliz do dia seja quando eu abro os olhos pela manhã ao seu lado e ele perceba que estou ali, viva... Que eu sinta paz no coração ao vê-lo dormir... e que ele em mim encontre forças para a luta cotidiana, uma companheira que o faça crescer ainda mais, que ele saiba que escolher o bem nunca foi o caminho errado... que é bom chegar em casa após cansado e uma criança pular em seus braços e dizer que a hora mais feliz do dia é quando seu pai chega em casa... e que receba um beijo caloroso meu e diga que foi o melhor beijo de sua vida até agora, mas sabe que o de amanhã vai ser melhor que o de hoje...
Quero quando nossos corpos se encontrarem ele saiba que o amor pode ser demonstrado de várias maneiras... e que ele possa dormir com as pernas entrelaçadas no meu corpo, despreocupado... e quando nos olharmos nos olhos possamos pensar juntos em como nós somos sortudos de termos um ao outro... que quando nossos filhos ficarem entre nós à noite possamos abraça-los e transmitir a segurança necessária... que ao sairmos juntos andemos todos de mãos dadas pelas ruas, agradecendo à Deus pela dádiva da família...
Que tenhámos o princípio que nenhum sucesso na vida compense o fracasso no lar... que eu consiga sempre estar presente apesar da vida profissional conturbada... que eu sinta prazer em cozinhar aquela macarronada no domingo... que eu dance com meus filhos na sala parecendo uma animadora de programa infantil e não sinta a menor vergonha... que eu vibre com suas conquistas e que eu tenha discernimento pra poder educa-los de maneira adequada, que nem seja demais nem de menos...
Quero, um dia, poder dizer aos meus filhos que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena lutar por ele, se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim...e que valeu a pena... mesmo em todas as vezes que achei que não valia!
Quero deixar pra os meus filhos a certeza de que o dinheiro não é a maior herança a ser deixada pra alguém, que eles tenham a sensação de que sentir o amor de mãe é como sentir Deus mais próximo de nós... que é bom chegar em casa e sentir carinho, que às vezes não é expresso verbalmente, mas sim naquele cuidado da roupa limpa, da casa em ordem, da mesa posta, da conversa calorosa e dos sorrisos à mesa...
Quero que eles não consigam amar apenas na despedida, que não esperem perder para valorizar... que eles sintam prazer em ir para casa todos os dias, que o sopro no machucado no joelho pareça uma mágica anestesia, que o medo da chuva à noite os façam me entrelaçar ao ponto de quase entrarem no meu ventre novamente, que sejamos um elo, uma corrente e que eles saibam dizer eu te amo sem medo... sem sentir o peso das palavras, mas que conheçam melhor do que ninguém o significado desta frase... e que encontrem alguém que compartilhe dessa mesma idéia...
Quero que eles vejam coisas boas nas pessoas, que agradeçam a Deus pelo aconchego do lar e pelo sol que entra no quarto de manhã... que caminhem com suas próprias pernas mas que deixem ao menos uma mão livre pra segurar na minha, e que ao tropeçar eu esteja ali pra dar o apoio, mas que eles percebam que o equilibrio depende deles mesmos...
Quero que quando não tenham de voltar mais pra casa todos os dias eu não sinta vazio... sinta que o amor que nos une foi capaz de gerar outras famílias... que eu perceba que eles cresceram e que voltem aos domingos com nossa família crescida, com crianças que não serão mais minhas, mas terão aquele mesma candura que um dia seus pais tiveram... e quero ficar orgulhosa em ver meus filhos não são mais meus pequenos, que estão fazendo aquilo que toda vida demonstrei pra eles, passando nossas verdadeiras heranças, agora para seus filhos...
Quero sentir orgulho da família que meus filhos formarão... quero olhá-los e dar aquele suspiro de felicidade e saber que um dia foram crianças tão amadas e que hoje se tornaram adultos melhores que eu...
Quero nunca ter medo de envelhecer e quero que Deus me ajude a achar a beleza em cada fase da minha vida... não a beleza física, mas a beleza que a maturidade nos proporciona... quero um dia olhar para meu lado e ver um velhinho sorrindo, e eu agradecer a ele por ter compartilhado sua vida inteira comigo... por ter me escolhido... quero que ele me fale que minhas manias apesar de chatas não superaram minhas qualidades, quero que ele pegue nosso album, sopre a poeira e relembre como eramos jovens, os momentos especiais que passamos juntos e as dificuldade que enfrentamos também e dê aquela gostosa gargalhada que depois de tantos anos ainda vai soar como música para meus ouvidos... que nossas risadas se afinem numa gostosa melodia...
Quero me emocionar quando souber que meus netos terminaram a universidade, que casaram, que a família aumentou mais uma vez... quero olhar para meus filhos e ver que já passaram dos quarenta... e que quando sentir o peso da velhice no meu corpo Deus me leve para continuar a vida em outro lugar, porque aqui estamos de passagem... quero que ao chegar do outro lado, bons amigos me esperem, que possam tocar no meu ombro e dizer: missão cumprida minha irmã... vamos continuar a trabalhar pelo bem aqui deste lado...
Que os meus chorem minha partida, mas que o desespero nunca os façam achar que o mundo acabou... que possam cantar minha música favorita na minha ida... que possam ler meus escritos e me sentir neles... que lembrem daquela que tentou com todas as forças ser uma boa filha, irmã, namorada, tia, esposa, mãe, avó... e que sintam minha presença nos pequenos detalhes de suas personalidades... e tenham certeza que estarei olhando por eles... e que não tenham dúvidas que o amor verdadeiro levamos conosco, onde quer que estejamos...

Portifólio de Grupo

Entendendo o BLOG

Portifólio de Aprendizagem

A plataforma do portifólio é de suporte digital. O título do portifólio é "Encanto no aprender".
Para expor nossas aprendizagem a cerca da temática das aulas priorizamos a composição de ficahmentos de cada aula.
O objetivo do nosso blog é disponibilizar as temáticas de Dinâmicas de Grupos bem como nossas aprendizagens e os exercícios que foram trabalhados durante as aulas.

Portifólio de grupo

A história do grupo foi exposta em conjunto com o fichamento do texto "Dinâmicas de Grupos na formação de lideranças" com uma tentativa de traçar um paralelo entre a prática e a teoria. Optamos também pela criação de um vídeo que conta a história do grupo.

Portifólio de grupo

Fichamento dos Textos e Caracterização do grupo

Fichamento de Textos e Caracterização do Grupo

FACHADA, Maria Odete. Psicologia das Relações Interpessoais. Lisboa: Rumo, 1998.
GONÇÁLVES, Ana Maria e PERPÈTUO, Susan Chiode. Dinâmicas de Grupos na Formação de Lideranças. Rio de Janeiro: DP&A editora, 2007.


Na apresentação do livro “Dinâmicas de Grupo na formação de lideranças”, o autor Rogério Almeida Cunha escreve que os seres humanos são os nós de uma rede, cada qual entrelaçado um ao outro num intrincado de relações e encontros extremamente diversos. Alguns são encontros rápidos, fugitivos como o respiro, e deixam marcas decisivas. Outros permancem muito tempo e se vão como o sopro. E de fato, amigos são como estrelas a iluminar nossa vida, a tornar o mundo mais belo e cheio de encanto. Nossa proposta, ao escrever uma resenha crítica destes livros, é entrecruzá-los com a própria dinâmica de existência do grupo do qual fizemos parte neste semestre letivo, alternando as reflexões teóricas de embasam nosso conhecimento com a história ou a trajetória do grupo.

Caracterizando o(s) Grupo(s):

Durante o segundo semestre letivo do ano 2008/2009 na Universidade de Coimbra, no terceiro ano do curso de Licenciatura em Ciências da Educação, foi oferecida uma disciplina de opção chamada “Dinâmicas de Grupo em Educação”, ministrada pelas professoras doutoras Maria do Rosário Pinheiro e Maria Filomena Ribeiro da Fonseca Gaspar. A turma do terceiro ano do Curso de Licenciatura em Ciências da Educação é composta por aproximadamente oitenta estudantes, sendo que, nesta disciplina, há pelo menos sessenta inscritos, dos quais a maioria é de alunos do Curso de Licenciatura em Ciências da Educação, porém, há também algumas alunas do Curso de Licenciatura em Serviço Social e duas alunas de intercâmbio brasileiras (as idealizadoras deste Portifólio).
No decorrer das aulas, foi-nos solicitado que dividissemos o grupo-turma em equipes de trabalho menores, de dois, três ou quatro indivíduos. No início, eu havia sido designada (sem ter escolhido) a fazer o trabalho de portifólio de grupo com duas alunas-trabalhadoras, Sandra e Fátima. No entanto, devido à dificuldade de desenvolver uma tarefa deste nível de complexidade com estudantes que eu não conhecia e que não poderiam frequentar as aulas, decidi separar-me daquele grupo. À esta altura, Luciana, colega de intercâmbio no Programa Erasmus Mundus/ISAC (Brasil-Portugal) e também amiga pessoal, resolveu matricular-se na disciplina e passou a fazer parte do grupo de tarefa para o portifólio de aprendizagem.
O Programa Erasmus Mundus é um acordo de cooperação acadêmica da União Européia que foi expandido recentemente também para o Brasil e alguns outros países da América Latina, no qual alunos de dez universidades brasileiras e de dez universidades européias podem ficar durante um semestre letivo em programa de intercambio em universidades estrangeiras, mediante um processo de seleção que leva em consideração as notas do currículo acadêmico. Possui dentro dele alguns Projetos de ordem menor, entre estes o ISAC (Improvins Skills Across Continents) coordenado pela Universidade de Coimbra.
Durante o fim do semestre letivo anterior no Brasil, foram selecionados dentre as dez instituições de ensino superior brasileiras, dezessete alunos de graduação (licenciatura/bacharelado) das áreas de Educação (Curso de Pedagogia), Ciências Sociais e Humanas Aplicadas (Psicologia, Ciências Sociais e Direito) e Engenharias (Química, Civil e da Computação) para cursarem o semestre letivo 2008/2009 na Universidade de Coimbra. Dentre estes, dezesseis moram na Residência Universitária do Pólo III da Universidade e, com excessão de duas meninas, formam um grupo de amizade muito forte e coeso. Luciana (Pedagogia – UnB) e eu (Pedagogia – UFSC) somos dois dos elementos deste grupo, do qual também fazem parte: Adriana (Pedagogia – USP), Alex (Engenharia da Computação – UFPA), Bruno (Engenharia da Computação – UNICAMP), Douglas (Engenharia Química), Elton (Engenharia da Computação – UFPA), Fernando (Engenharia Civil – UFSCar), Jéssica (Psicologia – UFPA), Lígia (Direito – USP), Márcio (Engenharia da Computação – UNICAMP), Michelle (Pedagogia – UFPE), Nayara (Engenharia Civil – UNICAMP) e Vivian (Engenharia Química – UFPE). Além deles, um outro amigo que não possui bolsa de intercâmbio foi reconhecido unanimamente como membro integrante (Heraldo, Ciências da Computação – UFF). Como foi desta forma que nos conhecemos, partilhamos muitas experiências e também decidimos constituir um grupo de tarefa para as aulas de Dinâmicas de Grupo em Educação, resolvemos contar um pouco da história dele em nosso portifólio de aprendizagem.

Conceituando e contextualizando as definições teóricas acerca das Dinâmicas de Grupos:

Segundo Fachada (1998), grupo é um conjunto limitado de pessoas, unidas por objetivos e características comuns que desenvolvem múltiplas interações entre si. Este grupo deve possuir: a) Estrutura; b) Durabilidade no tempo; c) Coesão; d) Conjunto de normas/regras de funcionamento. Em face desta definição, se pode concluir que um mero conjunto de pessoas nem sempre constituirá um grupo. Contextualizando a nossa realidade como intercambistas, poderíamos dizer que a mera condição de estudantes Erasmus ISAC não teria nos dado um status de grupo, se nós assim não permitíssemos. Poderia ter sido um semestre bastante solitário para cada um de nós. No entanto, desde o momento em que recebemos a notícia de que tínhamos sido selecionados para um programa de intercâmbio e ficamos a conhecer a listagem oficial, manifestou-se em cada pessoa um sentimento de pertencimento tal que nos moveu a criar condições para a constituição de um grupo de fato.
Ainda de acordo com Fachada (1998), o fato de um grupo se constituir com determinados objetivos gera, entre os que o compõem, um fenômeno de interação que faz com que eles se influenciem reciprocamente. Porém, a homogeneidade do grupo não deve anular a heterogeneidade daqueles que o compõem. No caso do grupo ISAC, a partir de uma listagem de e-mails dos candidatos selecionados que foram disponibilizados pelo DRIIC da Universidade de Coimbra, Fernando e Douglas tiveram a iniciativa de criar um e-mail de grupo, a fim de que conhecêssemos os participantes do intercâmbio e pudéssemos auxiliar uns aos outros com informações referentes ao processo de obtenção do Visto de viagem, à colocação na Residência Universitária, aos processos burocráticos de matrícula na universidade de acolhimento e também outras questões como, por exemplo, passagens aéreas e a possibilidade de viajarmos juntos. Foi desta forma que fui colocada em contato com Adriana poucos dias antes da viagem e descobrimos que, por coincidência, nosso vôo era o mesmo, de forma que nos encontramos pela primeira vez no Aeroporto Internacional de Garulhos, em São Paulo e viajamos para Lisboa e de Lisboa à Coimbra juntas, assim como pudemos dividir o quarto na Residência Universitária e também fomos ao DRIIC e ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras juntas. Da mesma forma, Jéssica e Alex, por serem da mesma cidade natal, combinaram o vôo juntos e, já que haveria uma escala em Brasília, Luciana pode acompanhá-los e Fernando, Douglas e Bruno também chegaram juntos.
A chegada de cada um dos estudantes à Coimbra foi esperada com ansiedade pelos outros e, à medida que alguns já sabiam os caminhos para resolver problemas como pagar o alojamento, fazer a matrícula, marcar entrevista de autorização de residência no SEF, chegar ao supermercado Pingo Doce, assistir às aulas na universidade e aprender a caminhar pela cidade, iam auxiliando quem chegava a obter as mesmas informações. De modo que, desde o início, quando nos conhecemos pessoalmente, tornamo-nos um grupo coeso e consciente de sua identidade, por possuirmos tarefas e objetivos comuns, além de que foram se definindo papéis sociais importantes para cada um dos membros do grupo.

a) Dinâmicas Nos Grupos: A constituição de um grupo e a definição de papéis

Para a autora Maria Odete Fachada, uma das condições básicas para que os membros do grupo cooperem entre si é a confiança que se deverá desenvolver entre eles, levando-os a estabelecerem um nível de coesão ideal, que funciona como força centrípta, puxando os membros do grupo para o centro. Assim, quando os parceiros de um jogo não se conhecem, tendem a aumentar a sua rivalidade. As primeiras experiências dos ISAC como um grupo de amigos disseram respeito à passeios para conhecer a cidade, além de ver filmes em conjunto no quarto dos meninos e também jantares de grupo, feitos na cozinha de casa.
Numa dessas primeiras noites em Coimbra, Douglas propôs uma brincadeira chamada de “O Mafioso” ou “Cidade Dorme”, no qual cada indivíduo receberia um papel escrito que lhe atribuiria uma função no jogo, quais sejam estas funções: a) deus (coordena/lidera a dinâmica); b) dois Anjos (escolhem em comum acordo um dos participantes para proteger; c) um Mafioso (pode matar qualquer dos participantes, menos aquele que os anjos estiverem protegendo; d) dois Assassinos (podem matar qualquer dos participantes, menos o mafioso e aquele que os anjos estiverem protegendo; e) Detetive (deve descobrir quem são os dois assassinos e que é o mafioso). A brincadeira ocorre da seguinte forma: sorteiam-se os papéis, cada qual tomando para si sua função, sem deixar que os outros saibam (apenas o deus é conhecido de todos); todos os participantes sentam-se em círculo, o deus fica de fora do círculo, dando instruções, todos devem estar de olhos fechados sob o comando “cidade dorme”. Em primeiro lugar, os anjos acordam e escolhem recíprocamente (através de um sinal silencioso demonstrado apenas ao deus) um dos participantes para ser protegido, o qual ganhará a imunidade contra os assassinos e o mafioso. Anjos dormem e os assassinos acordam, eles também escolhem silenciosa e reciprocamente um indivíduo para ser eliminado. Assassinos dormem e o mafioso acorda, para escolher um dos participantes que deverá matar. Mafioso dorme, detetive acorda e aponta aleatoriamente para alguém a fim de responsabilizá-lo pelas mortes. Detetive dorme e a cidade acorda, sendo que o deus informa se houve de fato alguma morte (somente dos participantes que não foram protegidos pelos anjos, mas foram escolhidos pelos assassinos e pelo mafioso, porém os assassinos não matam, em hipótese alguma, o mafioso – levando-se em consideração que somente o líder sabe quais papéis cabem à cada participante.). A cidade (todos os participantes, menos os que foram assassinados) deve, em seguida, discutir entre os elementos, quem é o provável mafioso e eliminar um dos participantes da brincadeira. O jogo continua até que restem somente dois indivíduos, ou que o detetive descubra quem era o mafioso.
Este jogo contribuiu decisivamente para a cooperação e o desenvolvimento da confiança e da coesão entre os participantes do grupo. Na primeira vez em que jogamos, somente os indivíduos que se conheceram desde o início participaram, sendo que a dinâmica teve mais fluidez e adesão. Na segunda vez, haviam dois novos membros do grupo, que haviam acabado de chegar ao alojamento (Márcio e Heraldo) e houve maior concorrência e rivalidade entre os participantes no desenvolvimento do jogo.
Segundo Fachada, nos grupos onde a cooperação é elevada, as pessoas sentem-se motivadas pelo trabalho produzido e mantém um alto nível de frequência de comportamentos que as levam à solução dos problemas. Quando o comportamento individual é importante para o sucesso do grupo, o indivíduo sente-se apoiado e aprovado pelos restantes membros do grupo e tal fato tende a aumentar o seu desempenho. No grupo, podemos distinguir os comportamentos relacionados com a tarefa e os comportamentos relacionados com a manutenção do grupo, ou seja, o grupo existe em função da necessidade de se executar uma tarefa comum, com objetivos comuns, e da necessidade de se manter coeso em uma unidade. É pelo fato de as pessoas cooperarem e apresentarem atitudes semelhantes, embora existam diferenças individuais, que existe entre elas uma força de coesão e atração interpessoal que permite-lhes desenvolver um pensamento de grupo. A força dos laços que ligam os elementos individuais num todo unificado provém da proximidade física e afetiva, da atribuição de papéis diferentes e importantes para a realização de tarefas semelhantes, da homogeneidade nos interesses do grupo e da boa comunicação entre seus membros. As decisões tomadas em grupo tendem a ser muito mais rias e ajustadas aos objetivos do que as decisões tomadas individualmente. Aquelas, pressupõem o empenhamento e a intervenção de vários sujeitos que enriquecem o pensamento pela sua diferença. A variedade de idéias e sugestões que os membros do grupo apresentam são cada vez mais enriquecidas, o que permite a progressão, a variedade e a validade das decisões.
Uma das vantagens do grupo é o fato de vários sujeitos poderem intervir numa tarefa comum, cada um contribuindo com as suas habilidades, capacidades e aptidões. Cada um pode maximizar o seu potencial não só em proveito próprio, como também em benefício dos outros. Simultaneamente, pode aproveitar e beneficiar-se das tarefas reailzadas pelos restantes elementos do grupo. A divisão de tarefas aumenta a cooperação e o respeito de cada um, pelo trabalho do grupo e exige a diferenciação de papéis dos diferentes membros do grupo. O grupo é tanto mais coeso e produtivo, quanto maior for a amizade e a confiança entre seus membros.
No caso do grupo ISAC, que constituí-se em realidade como um agrupamento, por possuir mais de seis membros, todos estes fatores foram importantíssimos para a construção da coesão no grupo. Em cada coisa que fizemos, desde as trocas de e-mails até as tarefas que foram divididas para um objetivo comum, como, por exemplo, os passeios por Coimbra, a viagem de carro à Salamanca e à Serra da Estrela, os jantares de família, as compras coletivas, a viagem à Paris e à diversas cidades da Itália nas férias de Páscoa, as festas e, nos grupos menores de interesse por áreas de conhecimento, os estudos em conjunto, e por afinidade afetiva em outras questões, todas elas contribuiram para que constituissemos, de fato, um grupo coeso, num relacionamento de confiança e amizade. É significativo ressaltar aqui papéis que couberam às pessoas em diversos momentos do grupo, quais sejam eles, por exemplo, desde as funções de reservar lugares em alojamentos nas viagens e cuidar dos assuntos financeiros atribuídas ao Douglas e à Nayara, as funções de guiar o caminho que couberam ao Márcio e à Adriana, até nas coisas pequenas e simples, como aqueles indivíduos que contribuíram sempre procurando manter o grupo unido, ou preocupando-se com as necessidades individuais dos membros do grupo, quem cozinha, que faz as compras, quem resolve conflitos, quem responde pelo grupo frente à outros grupos ou instituições (como a universidade).
A respeito de nosso grupo de trabalho para a disciplina de Dinâmicas de Grupo em Educação, é importante destacar que eu e Luciana, apesar de termos nos conhecido no começo do semestre e fazermos parte do grupo ISAC, só tivemos oportunidade de realmente conviver e adquirir certo grau de intimidade e confiança a partir da viagem de férias na páscoa, quando passamos mais tempo juntas, em função de Luciana ter quebrado o pé durante a viagem e eu ter me disponibilizado a ir ao hospital para auxiliá-la. Foi somente a partir daí que podemos dizer que constituímos um grupo de fato. Um outro detalhe importante é que há três semanas passei a dividir o quarto com ela na residência universitária.

Exercício de Auto-Diagnóstico

Este primeiro gráfico do exercício de Auto-Diagnóstico corresponde aos resultados obtidos por Luciana Lopes. O segundo gráfico mostra os resultados de Ananda Maciel.



















Legenda: P = Passivo , AG = Agressivo , M =Manipulador e AS = Assertivo.



Aula 14

A aula deste dia foi dedicada ao fechamento da disciplina, à resolução de dúvidas sobre o conteúdo e as atividades desenvolvidas e a orientação, pela docente, ao portifólio dos grupos, assim como foram definidas as datas para a avaliação e apresentação dos mesmos.

Conhecendo o grupo

Conhecendo o grupo
Luciana Lopes e Ananda Maciel

Quem somos?

Somos Luciana Maciel (Universidade de Brasília) e Ananda Maciel ( Universidade Federal de Santa Catarina), brasileiras, Graduandas em Pedagogia e estudantes intercâmbistas de Ciência da Educação na Universidade de Coimbra. Cursamos durante o semestre letivo 2008/2009 a disciplina Dicâmicas de Grupo em Educação. Este blog é uma plataforma para o nosso Portifólio individual e de aprendizagem.O objetivo é reunir as aprendizagens construídas durante as aulas tanto individual e como em grupo.